Doping: é preciso combater

Doping

Dr. Carlos Mattos –
Resolvi abordar dessa vez um tema bastante polêmico, que é o doping. Definimos doping como o uso de substâncias ou métodos proibidos com o objetivo de promover alterações físicas e/ou psíquicas que melhorem artificialmente o desempenho esportivo de um atleta. Os organismos nacionais e internacionais que regulam esse tema incluem outras violações que se caracterizam como doping, porém a definição acima é o ponto central desse artigo.

Em época de competições importantes, como agora nos Jogos Pan-Americanos do Peru, sempre nos deparamos com alguns casos de doping. E no passado alguns casos ficaram marcados por envolver grandes ícones do esporte de alto nível, como o do corredor canadense Ben Johnson que ganhou a prova dos 100 m na Olimpíada de Seul, em 1988, superando o rival Carl Lewis e atingindo uma marca recorde até então inimaginável: 9s79. Mas o ouro e o recorde duraram apenas 48 horas ao se revelar que ele havia feito uso de esteroides anabolizantes.

Desde então, o doping tornou-se uma preocupação constante nos eventos esportivos, e as tecnologias utilizadas para sua detecção cada vez mais desenvolvidas. Porém, essas substâncias proibidas usadas por atletas profissionais também chegam às academias, onde muitas pessoas buscam melhorar o desempenho para deixar o corpo mais bonito e atraente. E esses são casos preocupantes.

Os principais dopings farmacológicos são a efedrina e os esteroides anabolizantes. Criados com finalidade terapêutica para tratamento de determinadas doenças, os esteroides ao serem usados com o objetivo de ganho de massa muscular resultam em consequências graves em muitos casos.

Quais os males dessas substâncias no organismo? No caso dos esteroides anabolizantes, eles mexem no eixo hormonal e com todo o equilíbrio orgânico da pessoa. Podem provocar doenças hepáticas, inclusive tumores, hipogonadismo (doença na qual as gônadas não produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres, levando à infertilidade), atrofia testicular, infartos, lesões musculares, dependência psicológica, acne e aumento da agressividade.

Nesse sentido, o uso dessas substâncias deve ser combatido em todos os níveis, seja entre competidores, pois os dopados sempre vão levar uma vantagem injusta sobre os demais, e entre os não atletas, que querem apenas ganhar o corpo perfeito com menor sacrifício. Mas esse é um preço que não vale a pena pagar.

E não existe dose segura para uso de anabolizantes!!!!

Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.