Joelho do saltador

Uma das patologias do joelho que mais acometem os atletas, a tendinite patelar, ou “joelho do saltador” como é popularmente conhecida, é uma inflamação do tendão patelar que pode levar à incapacidade esportiva. Ela está relacionada a atividades de salto e desaceleração, como vôlei, basquete, atletismo, corrida de rua e futebol, sendo sua maior incidência em atletas do sexo masculino.

Como é uma das patologias de joelho mais comuns, acredita-se que seja causada por esforço repetitivo sobre o tendão patelar e o quadríceps durante o salto ou a desaceleração. Porém, fatores de risco como patela alta, encurtamento da musculatura posterior da coxa, geno varo e geno valgo, diferença no comprimento do membro, sobrepeso ou obesidade, overtraining, falta de preparo físico, técnica incorreta do esporte e desequilíbrio muscular levam a uma maior predisposição à lesão.

Esse esforço repetitivo sobre o tendão patelar se dá pela perda do equilíbrio que ocorre no mecanismo do salto. Ou seja, a força de reação ao solo em relação à nossa pisada é absorvida pela flexão do joelho e pela resistência do quadríceps em sua maior parte, enquanto o restante é dissipado pelo quadril e coluna vertebral. No caso de atletas com essa patologia, o desequilíbrio ocorre quando o quadríceps não absorve parte do impacto, sobrecarregando o tendão, que sofre microrrupturas e degeneração.

Para diagnosticar casos como esse é fundamental o exame clínico juntamente com as queixas de dor do paciente, já que a dor muitas vezes não é contínua. Durante o exame clínico, o médico irá identificar ponto de dor no polo inferior ou superior da patela, encurtamento do músculo posterior da coxa e quadríceps e até derrame intra-articular.

O joelho do saltador pode ser classificado em quatro fases, de acordo com os sintomas: 1) dor apenas após a prática esportiva, sem prejuízo funcional; 2) dor durante e após a prática esportiva que não impede a atividade; 3) dor prolongada durante e depois da prática esportiva que afeta o desempenho do atleta; 4) ruptura total do tendão, quando passa a ser necessário fazer uma cirurgia.

A primeira opção de tratamento é a forma conservadora, com fisioterapia e medicação analgésica e anti-inflamatória para tratar o desequilíbrio muscular. Caso o tratamento conservador falhe, a indicação pode ser uma cirurgia para tratamento do tecido doente.

Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em cirurgia do ombro e lesões esportivas e Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas.