Os tipos de Hérnia de disco

Dr. Carlos Mattos –

Como já falei aqui anteriormente, manter uma postura adequada é de extrema importância para que possamos evitar vários problemas de saúde, inclusive a hérnia de disco, o assunto desse artigo.

Embora a hérnia de disco possa se formar pela má postura, existem outros fatores como traumas, movimentos e atividades repetitivas, sedentarismo, sobrecarga, excesso de atividade física de alto impacto e a própria degeneração discal natural que também podem ocasionar o problema. Ou seja, a hérnia de disco geralmente é multifatorial.

Entre os principais componentes da coluna vertebral estão as vértebras e os discos intervertebrais, que são responsáveis por absorver o impacto que chega sobre a coluna e evitar o atrito entre as vértebras permitindo o movimento. Esses discos intervertebrais são compostos de tecido fibroso na parte externa e de tecido cartilaginoso e elástico na parte interna, o que permite ele realizar sua função.

A hérnia de disco ocorre quando a parte externa fibrosa se desgasta ou fissura, permitindo que a parte central e cartilaginosa do disco escape para fora irritando e inflamando a medula espinhal ou as raízes nervosas que ser ramificam ao longo de toda a coluna.

Apesar da causa ser a mesma, ou seja, o extravasamento da parte interna do disco para fora, a hérnia de disco pode se manifestar de três formas:

1. Protrusa: São os casos mais comuns. Há perda do formato original do disco, já que sua base fica com mais volume e mais larga, tocando assim em áreas de grande sensibilidade nervosa, mas ainda não se encontra fissurada.

2. Extrusa: A parte externa e fibrosa do disco fissura e permite que o núcleo vaze para fora, impedindo que o disco realize sua função, além de gerar dor e incapacidade.

3. Sequestrada: São os casos mais graves. Há o rompimento da parte fibrosa, o extravasamento do núcleo e sua migração para dentro do canal.

Em alguns casos raros, pessoas com hérnia de disco não sentem dores, mas a maioria dos pacientes se queixa de dor concentrada na região lombar ou cervical que pode se irradiar para os membros inferiores e superiores, de formigamento, câimbras, dormência e fraqueza. Para diagnosticar a hérnia de disco são feitos exames neurológico, físico, raio-x, tomografia, ressonância e eletromiografia.

É importante ressaltar que nem toda alteração dos discos em exames de imagem, principalmente na ressonância magnética, significa a causa de todos os sintomas de dores. È preciso uma avaliação minuciosa com relação aos sintomas e às alterações de imagem. Nos atletas de impacto, por exemplo, existem muitas alterações precoces em discos de coluna sem obrigatoriamente existir sintomas, que chamamos de “achados de exame”.

Depois do diagnóstico, conforme cada caso e cada paciente, é indicado o tratamento, que pode ser conservador ou cirúrgico. Em casos de tratamento conservador, podemos usar fisioterapia, medicação e repouso durante 6 semanas. Caso os resultados não sejam satisfatórios, podem ser feitos bloqueios e injeções locais. Se ainda assim os sintomas persistirem, a cirurgia pode ser uma opção a ser considerada, no entanto, com o avanço da tecnologia, em alguns casos, o procedimento pode ser feito de forma minimamente invasiva por especialistas em cirurgia de coluna, beneficiando o paciente e diminuindo os riscos, se a causa da dor seja somente uma hérnia de disco.

Dr. Carlos Mattos é médico ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombroe Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.