Osteoporose: o principal é a prevenção

Dr. Carlos Mattos – A osteoporose é uma condição relacionada ao avanço da idade na qual há perda de massa óssea, deixando o osso mais enfraquecido. É um tema muito importante na saúde pública brasileira, pois, segundo o IBGE, nossa população idosa atualmente chega a 15 milhões de pessoas, e nos próximos anos vai exceder os 30 milhões, representando cerca de 15% da população.

Com a melhora das condições sociais e de saúde devido ao avanço da medicina, as pessoas tendem a viver mais, tornando a osteoporose ainda mais prevalente entre os idosos. Em relação ao sexo, a maior incidência é nas mulheres. E o complicador desta condição é que a fragilidade óssea leva o indivíduo a sofrer fraturas por quedas, numa proporção de um caso em cada 3 mulheres e de um em cada 12 homens acometidos. As quedas geralmente são pequenas, como cair da cama, se desequilibrar ao caminhar etc. E esses idosos normalmente apresentam outras comorbidades, como hipertensão, diabetes, alzheimer, doenças renais e cardíacas, deixando ainda mais difícil o tratamento.

Para se ter uma ideia, o índice nacional médio de morte de idosos com fraturas, geralmente fratura de fêmur, bacia ou coluna lombar, é de 11,9 a 12/%. A média mundial fica entre 5 e 6%. Quando o idoso dá entrada num hospital devido a uma fratura, a média do tempo de internação, dependendo do serviço, é de 6 a 30 dias, levando a um alto custo emocional para o paciente e seus familiares e econômico, seja para o serviço público ou de saúde suplementar.

Como começa a osteoporose? Nossos ossos são compostos de colágeno e proteínas, uma parte orgânica e outra mineral, com o cálcio sendo o principal componente. O cálcio faz a trama do osso ficar enrijecida. Conforme vai perdendo cálcio, o osso vai ficando enfraquecido. Com os estímulos mecânicos ou farmacológicos, o cálcio pode ir aderindo mais ao osso ou não. Por exemplo, quando sofre um acidente e a pessoa fica muito tempo acamada, os ossos não estão fazendo nenhum tipo de exercício, a pessoa não está caminhando, o osso fica mais fraco, assim o estoque do cálcio vai para o sangue ou para outros lugares.

Por outro lado, se uma pessoa começa a correr, ela tem um estímulo mecânico, no qual o osso entende que está sofrendo mais carga, então o organismo pega o cálcio e vai fixando no osso, ficando mais forte a massa óssea da perna. Por isso que orientamos a pessoa a aumentar gradativamente a carga de treino, para os ossos e as articulações irem se adaptando aos estímulos, assim como a parte cardiopulmonar.

Outro fator importante é em relação à parte hormonal. Quando as mulheres entram na menopausa começam a ter uma perda de cálcio, uma fraqueza óssea progressiva porque os hormônios que entram no metabolismo da fixação do cálcio também estão em queda. Então, a gente precisa orientar as mulheres a fazerem exercícios desde a juventude – o pico de cálcio estocado da mulher é por volta dos 25 anos – para que elas cheguem à menopausa com uma boa qualidade óssea. Os homens têm menos problemas de osteoporose do que as mulheres porque a andropausa é tardia, então a proteção hormonal do homem vai mais longe.

Quais os fatores que podem aumentar a tendência à osteoporose? Sedentarismo, consumo excessivo de café, uso de corticoides, álcool, cigarro, tudo isso durante a vida terá uma consequência lá na frente.

Existem medicamentos que podem aumentar a fixação do cálcio ou diminuir a perda, ajudando a manter o equilíbrio. Podemos usar isso como tratamento, mas o principal são dieta e exercícios.

Para diagnosticar a osteoporose, fazemos a densitometria óssea, pegando a média do cálcio da bacia e da coluna lombar. Até 2,5% de desvio padrão é osteopenia, mais do que isso é osteoporose. Sabendo disso, fazemos o tratamento com medicamentos, exercícios físicos, mudanças de hábitos de vida, e no caso da mulher o ginecologista faz a parte de reposição hormonal.

Como a osteoporose não dói, essas medidas são para evitar que a pessoa sofra uma fratura com um trauma qualquer ou mesmo sem trauma. Na osteoporose, às vezes se quebra andando, sem queda. Quando fratura, pode vir a óbito. Então, o melhor é a prevenção.

Na PUCC, temos um programa de pesquisa de cuidados e prevenção de osteoporose que recebeu o selo bronze da International Osteoporosis Foundation (IOF), uma indicação de que nosso serviço é cuidadoso com essa questão.

Falei sobre a osteoporose para os alunos da Medicina da PUC-Campinas que criaram um canal de Podcast chamado DAMAB MedCast. Acesse pela plataforma do Spotify e ouça.

https://open.spotify.com/show/19Wn33dzhQbUvWIoAcKAIc?si=iuy7bRTQQEyITCY3Lh3uyg

Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas