Postura e desvio de coluna

Dr. Carlos Mattos

A grande maioria das pessoas já teve, tem ou terá dor nas costas em algum momento da vida. Se procurarmos algo em comum entre essas pessoas, iremos achar a má postura como o principal fator, já que a postura está extremamente relacionada aos desvios de coluna e, consequentemente, às dores.

Em primeiro lugar, é preciso entender que sem uma postura correta é impossível ter um corpo saudável. Estudos científicos mostram que muitas doenças estão ligadas à má postura. E, na Ortopedia, sabemos que muitas lesões são provocadas pela má postura, que implica no uso incorreto das articulações. Vale destacar que o desequilíbrio postural tende a ser compensado pelo corpo através das articulações, o que leva a lesões.

A coluna vertebral tem curvaturas naturais, no entanto, maus hábitos de postura contribuem para que essas curvaturas se acentuem e se tornem problemas de saúde, como a cifose, a lordose ou a escoliose, que são as mais comuns.

A cifose é a acentuação da curvatura da coluna vertebral localizada na parte superior do tronco, o tórax. Essa anormalidade pode diminuir a capacidade de expansão torácica, reduzir a mobilidade da coluna, ocasionar osteoartrose e hérnia de disco. Normalmente essa doença só apresenta dor conforme a deformidade aumenta, porém, nos casos raros em que a dor não se manifesta, ombros desnivelados ou cintura assimétrica são indicativos de que é necessário procurar um especialista. As causas da cifose podem estar relacionadas à osteoporose no caso dos adultos ou a lesões, tumores ou desordens genéticas no caso de crianças.

Já a lordose é a acentuação da curvatura lombar, que pode causar retração de cadeias musculares importantes e consequentemente alterações articulares e ósseas. As dores se manifestam durante atividades que exijam grande esforço ou movimentos repetitivos.

A escoliose é outro desvio de coluna que atinge um grande número de indivíduos. Esse desvio é a rotação lateral das vértebras, que pode ser tanto para a direita quanto para a esquerda e ocorre no meio da coluna. Durante a infância, a incidência é de 60% em meninos e na adolescência de 90% em meninas, normalmente de origem idiopática em ambos os casos, ou seja, sem causa aparente.

O que podemos afirmar sobre a escoliose é que como a maioria dos casos ocorre durante a puberdade, quando a taxa de crescimento do corpo é mais acelerada, o risco de progressão da curva também aumenta. A diferença de mais que 2 cm no tamanho entre as pernas também pode ocasionar a doença, já que isso pode inclinar o quadril e alterar a posição da coluna.

O tratamento dessas doenças irá depender do grau de desvio e do tipo do paciente, mas normalmente opta-se pelo protocolo conservador através de exercícios, órteses, medicação, fisioterapia e fortalecimento. Caso os resultados esperados não sejam atingidos, a opção é a cirurgia.

No entanto, a melhor opção para evitar todos esses problemas é ter uma postura adequada, praticar atividades físicas e fortalecer a musculatura do CORE, responsável por sustentar a coluna. É importante também evitar ficar nas mesmas posições durante longos períodos de tempo e procurar sempre distribuir o peso do corpo para não sobrecarregar nenhuma parte.

Dr. Carlos Mattos é médico ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC- Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.