Dr. Carlos Mattos –
A tríade da mulher atleta é um tema importante porque, apesar de muitas pessoas acharem que essa condição só ocorre em atletas de alto rendimento, cada vez mais praticantes amadoras também estão sendo diagnosticadas com esse problema, consequência da busca pelo corpo perfeito a todo custo.
A tríade da mulher atleta consiste basicamente na inter-relação entre disponibilidade energética (ingestão alimentar menor do que aquela que é gasta durante a prática esportiva), função menstrual e densidade óssea. Como esses três fatores caminham juntos na mulher, qualquer alteração em um deles pode trazer consequências para o outro.
Geralmente a doença se inicia pela restrição alimentar com o objetivo de emagrecimento e perda de gordura com o visando o aumento do rendimento esportivo, o que por sua vez altera a produção de hormônios envolvidos na função menstrual e no metabolismo ósseo.
O pensamento distorcido sobre o corpo ou a vontade de emagrecer fazem com que a mulher siga dietas restritivas e elimine certos grupos de alimentos do cardápio, provocando os distúrbios alimentares.
As consequências da tríade podem ser fratura por estresse, osteopenia (perda de massa óssea), osteoporose, ciclo menstrual irregular, perda de peso em excesso, queda no rendimento esportivo, alterações de humor, insônia, fraqueza muscular, baixa autoestima, cansaço, desânimo, lesões musculares e até mesmo infecções de repetição.
A principal recomendação nesses casos é buscar uma equipe multidisciplinar com nutricionista, ortopedista, fisioterapeuta, ginecologista, psicólogo ou psiquiatra para o tratamento dessa condição.
E é sempre bom enfatizar que uma alimentação saudável e balanceada e exercícios orientados por um profissional são a melhor opção para evitar restrições muito severas que podem acarretar desequilíbrios e disfunções, além de lesões.
Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.