Dr. Carlos Mattos
Esporte que requer muita concentração, coordenação e agilidade, o tênis tem ganhado cada vez novos praticantes recreacionais, por isso recebo sempre pacientes com alguma lesão relacionada a essa modalidade.
Quando falamos em lesões, basicamente dividimos em dois grupos: lesões por sobrecarga e treinamento excessivo, também conhecido como overtraining, e lesões traumáticas, que acontecem durante jogos ou treinos.
As lesões por sobrecarga e treinamento excessivo são extremamente comuns em jogadores iniciantes, principalmente por prática e execução incorreta dos movimentos, podendo resultar em queda do rendimento ou afastamento das quadras.
Segundo estudos, essas lesões em sua maioria acontecem nos membros inferiores (31%-67%) – tornozelo, quadril, joelho e coxa; seguidas por membros superiores (20%-49%) – ombro, cotovelo e punho; e tronco (3%-21%) – dor lombar.
Nos membros inferiores, temos lesões de quadril, tornozelo, joelho e coxa como as mais frequentes. No quadril, devido aos movimentos de rotação, é muito comum diagnóstico de impacto femoroacetabular e lesão do labrum acetabular. No joelho, as lesões costumam ocorrer na articulação patelofemoral e no tendão patelar devido às aterrissagens de saltos e sobrecargas, além do joelho do saltador.
Já nos membros superiores, predominam as lesões localizadas no ombro, cotovelo e punho. No ombro, as lesões labrais superiores anterior e posterior, lesão labral ântero-inferior, lesão do manguito rotador, discinesias das escápulas e tendinopatias são as de maior incidência. No cotovelo, a epicondilite lateral, mais conhecida como cotovelo do tenista, é a mais predominante. E no punho, as lesões passam desde a tenossinovite até a necrose avascular do semilunar (doença de Kienbock).
Quanto às lesões traumáticas, as que mais incidem nos praticantes de tênis são as lesões musculares, devido à aceleração e à troca rápida de direção, sendo a lesão de panturrilha e entorse de tornozelo as predominantes.
É importante ressaltar que existem alguns fatores de risco que predispõem as lesões, como idade, volume/intensidade do treino, nível do praticante, empunhadura na raquete, transmissão de vibração e tipo de quadra.
Para evitar as lesões, é essencial conhecermos o limite do nosso corpo, executar os movimentos corretamente e, se possível, ter um acompanhamento profissional.
Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.