Fraturas por estresse: causas e tratamentos

Dr. Carlos Mattos –

Se você tem sentido dor contínua que piora durante o exercício, especialmente quando altera o tipo, a intensidade ou o tempo da atividade; edema depois de realizar esforço; diminuição do desempenho ou dor ao tocar o local afetado, você provavelmente está sofrendo de fratura por estresse. Essa é uma lesão muito comum entre os esportistas derivada da fraqueza e da fadiga muscular.

As causas também podem estar relacionadas ao condicionamento físico, o tipo, a intensidade, a duração e o local onde você realiza o exercício. O calçado e a sua pisada, além da técnica e dos equipamentos, também influenciam. Mas não são só fatores externos que afetam as fraturas por estresse, mas as próprias características do organismo como estrutura óssea, metabolismo e problemas de saúde.

A lesão ocorre porque a absorção do impacto sobre o osso reduz por conta da fraqueza e da fadiga muscular, aumentando o estresse e causando fraturas. Por suportar o peso do corpo, os membros inferiores são os mais afetados, especialmente em corredores, profissionais ou amadores.

Muitos dos meus pacientes com esse tipo de fratura são sedentários ou com sobrepeso que iniciam atividades físicas de alto impacto sem preparo adequado, ou então atletas que já praticam exercícios há um tempo e decidem aumentar bruscamente a frequência ou intensidade do treinamento.

Diagnóstico e tratamento

Existem dois tipos de fratura por estresse, a lesão de baixo risco, que apresenta boas chances de recuperação por estar localizada na zona de compressão do osso; e a lesão de alto risco, com uma recuperação mais complicada por ocorrer na zona de tensão do osso.

É muito fácil diagnosticar esse tipo de fratura através de exames clínicos e de uma ressonância magnética. Com a confirmação da lesão, o tratamento costuma prosseguir de forma conservadora através de medicamentos para dor, reabilitação, redução ou afastamento das atividades físicas e, em casos mais severos, imobilização. Cirurgias são raramente indicadas.

Essas lesões variam de 6 a 12 semanas para consolidarem completamente e, após esse período de recuperação, é preciso muita cautela para retornar aos exercícios físicos, programando um treino progressivo para evitar reincidência da lesão.

Prevenção

Apesar de ser um tratamento relativamente simples, o mais importante é diminuir as chances de ter uma fratura por estresse. Indico muito o acompanhamento contínuo com uma equipe qualificada multidisciplinar e evitar o exagero nas práticas esportivas.

Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.