Fraturas por estresse

Fratura por estresse

Dr. Carlos Mattos – Fratura por estresse é uma lesão esportiva bem comum, que responde por cerca de 10% das lesões em atletas. Trata-se de uma lesão decorrente da fraqueza e da fadiga muscular. Os principais sintomas são dor contínua que piora durante a execução do exercício principalmente quando há mudança de tipo, intensidade e tempo de treino, edema após o esforço, queda do desempenho e forte dor ao tocar o local afetado.

Além da fraqueza e da fadiga muscular, a fratura por estresse pode ocorrer por fatores externos e internos. Os fatores externos estão relacionados a condicionamento físico, local/tipo/tempo/intensidade de treino, tipo de calçado e de pisada, técnica e equipamento esportivo. Já os fatores internos dizem respeito a características do organismo: estrutura óssea, raça, sexo, metabolismo e doenças.

O processo desse tipo de lesão acontece da seguinte forma: a fraqueza e a fadiga muscular influenciam na redução da absorção do impacto sobre o osso, gerando assim um aumento do estresse e ocasionando a fratura. Os membros que suportam o peso corporal, como os membros inferiores, são as áreas mais afetadas, principalmente nos praticantes de corridas, tanto profissionais como amadores.

Vejo com frequência essas lesões em pessoas sedentárias e/ou com sobrepeso que resolvem iniciar de forma intensa uma atividade de impacto, ou mesmo em atletas já iniciados quando aumentam muito rápido a intensidade e o volume de treinamento.

As lesões por estresse podem ser divididas em dois tipos: a lesão de baixo risco, que tem bom prognóstico para consolidação por estar localizada na zona de compressão do osso; e a de alto risco, com prognóstico ruim para a consolidação por estar localizada na zona de tensão do osso.

O diagnóstico é facilmente confirmado através de exame clínico e exames de imagem como a ressonância magnética. Nas radiografias podem demorar semanas para apresentar sinais visíveis radiológicos. Logo após a confirmação da fratura por estresse, prosseguimos com o início do tratamento que normalmente é conservador, com medicamentos, reabilitação, redução ou afastamento do treino e, em alguns casos, imobilização.

Fraturas desse tipo levam em torno de 6 a 12 semanas para estarem totalmente consolidadas e após esse período é muito importante retornar aos treinos de forma progressiva para evitar a reincidência da lesão. Cirurgias nesses casos são raramente indicadas.

Porém, se você ainda não sofreu com uma fratura por estresse, o melhor jeito é se prevenir através de um acompanhamento contínuo com uma equipe multidisciplinar, evitar o overtraining e fazer avaliações funcionais regulares.

Dr. Carlos Mattos é médico ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.