Protocolo de cirurgia de fraturas em idosos da PUC-Campinas é referência no Brasil

Dr. Carlos Mattos – Nas próximas décadas haverá um aumento expressivo no número de idosos e o sistema de saúde tem de se preparar para isso. Um estudo da Universidade de Harvard, nos EUA, prevê que o Brasil terá quase quatro vezes mais casos de fratura de quadril até 2050, principalmente em pessoas do sexo masculino. O país deverá ter um aumento de 50,5 mil casos para 199,1 mil, com base apenas nos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), deixando de fora cerca de 30% da população com planos de saúde.

E quanto mais cedo os pacientes com fratura forem operados, menores serão os riscos de complicações, incluindo o óbito. Para isso, o Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital PUC-Campinas desenvolveu um protocolo de cirurgia de fraturas em idosos baseado em estudos científicos internacionais, que é referência para muitos serviços no Brasil.

Pelo protocolo, a cirurgia deve ser realizada em até 48 horas após a fratura, exceto em casos de outras complicações clínicas no paciente que precisam ser estabilizadas antes do procedimento. Quando a cirurgia não é feita dentro desse período, infelizmente, a taxa de mortalidade e de morbidade aumentam entre 4% e 5% ao dia.

Realizar a cirurgia em tempo hábil também reduz o período de internação hospitalar e permite o retorno mais precoce da marcha, melhorando a qualidade de vida.

Outro ponto importante é a prevenção de quedas entre os idosos devido à osteoporose. E a PUC-Campinas possui um selo internacional de reconhecimento por seu programa de cuidados e prevenção da osteoporose concedido pela International Osteoporosis Foundation (IOF).

Os tratamentos da PUC-Campinas podem ser farmacológicos, fisioterápicos e a adoção de medidas preventivas dentro de casa:
• Fixar cabos, fios, tapetes e carpetes à parede ou ao piso, além de optar por um piso antiderrapante (maior atenção na escada e áreas externas);
• Manter uma boa iluminação;
• Instalar barras de apoio, principalmente em locais molhados como o banheiro e a cozinha;
• Evitar prateleiras muito baixas ou altas que exigem apoio para alcançar.

Pesquisa Harvard

De acordo com a pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, as razões para o aumento das fraturas em idosos estão relacionadas à falta de tratamento adequado contra a osteoporose e o envelhecimento acelerado da população. Muitas pessoas abandonam o tratamento da doença por causa dos efeitos colaterais dos medicamentos (bisfosfonatos), mesmo que seus benefícios de prevenir as fraturas sejam muito maiores do que esses eventos adversos.

O aumento de fraturas no quadril pelo mundo deve ser maior entre os homens, apesar de a osteoporose ser mais comum em mulheres (30% delas a partir dos 50 anos, contra 10% dos homens). As taxas de mortalidade pelo trauma se mostraram maiores em homens pela falta de atenção médica e o estigma de que eles não são afetados pela doença e porque a densitometria óssea não é rotina nos exames do homem.

A prevenção da osteoporose (e consequentemente, de fraturas no quadril) deve começar ainda na infância, por meio do estímulo à ingestão de laticínios que fornecem cálcio ao organismo e a obtenção da vitamina D pela exposição ao sol. Outra medida essencial para evitar a doença é a prática regular de exercício físico em modalidades de maior resistência ou impacto, como musculação e corrida; além de incluir a densitometria óssea no check-up anual, principalmente se houver histórico familiar, fraturas anteriores por trauma leve e idade avançada.

Dr. Carlos Mattos é ortopedista, especialista em Cirurgia do Ombro e Lesões Esportivas, Chefe do Departamento de Ortopedia da PUC-Campinas e Diretor Clínico do Hospital PUC-Campinas.